Brasil já não lidera em juros reais O Brasil deixou a liderança do ranking dos maiores juros reais (descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses) do mundo, depois de seis anos na primeira colocação. Com o corte promovido ontem pelo BC, o País passa para a terceira posição, com uma taxa de 5,8% ao ano, segundo a consultoria UPTrend.
O título de maior juro real do mundo foi transferido para a China, cuja taxa é de 6,6%, seguida pela Hungria, com 6,4%. A Argentina está em quarto lugar, pouco abaixo do Brasil, com juro real de 4,3%. A 5.ª posição fica com a Turquia, com 1,7%.
Comitê de Política Monetária decide, por unanimidade, cortar a taxa Selic em 1 ponto porcentual, para 10,25%
Fernando Nakagawa - O Estado SP
Em decisão esperada pelo mercado, o Banco Central anunciou na noite de ontem o corte da taxa Selic em 1 ponto porcentual, para 10,25% ao ano, sem viés. Com a decisão, a autoridade monetária reduziu o ritmo do desaperto dos juros, que haviam caído 1,5 ponto na decisão anterior, em março. A medida do Comitê de Política Monetária (Copom), tomada por unanimidade, levou o juro básico da economia brasileira para o nível mais baixo da história.
Em comunicado divulgado após a reunião, a autoridade monetária disse que o objetivo do corte é “ampliar o processo de distensão monetária” que começou em janeiro. Na avaliação de economistas, o comunicado sugere que o BC deve fazer novo corte na próxima reunião do Copom, em junho.
Com o terceiro corte seguido, a Selic cai ao nível mais baixo desde a adoção do juro básico em base anual, no fim de 1997. Nesse período, o Brasil conviveu com juros que chegaram a 45%, em março de 1999, após a maxidesvalorização do real no início daquele ano.
A decisão de ontem também fez o Brasil perder o amargo posto de país com o maior juro real do planeta - taxa descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses. Levantamento da UpTrend Consultoria mostra que a taxa brasileira caiu para 5,8%, abaixo da China que tem juro real de 6,6%.
Minutos após a decisão, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o BC está na direção correta. “Toda a vez que a Selic cai, eu fico feliz. Está na direção correta.”
O corte menos agressivo do juro era esperado pela maioria dos analistas. Nas últimas semanas, em meio a um cenário econômico menos turbulento, a piora dos indicadores perdeu força e o mercado começou a notar espaço menor para o desaperto monetário. Já há quem aposte que a recuperação do tombo provocado pela crise pode começar ainda este ano.
Essa avaliação é sustentada por números recentes. No comércio, a demanda tem se mantido aquecida principalmente pelo consumo ligado à massa salarial. Ao mesmo tempo, a desoneração tributária e a retomada gradual do crédito devem elevar a venda de artigos duráveis.
Para os analistas, esse quadro vai reduzir gradativamente os estoques e, em seguida, a produção deve reagir de forma mais evidente. Ao mesmo tempo, aumentaram as preocupações com a questão fiscal. Há 15 dias, o Palácio do Planalto decidiu aumentar os gastos do governo para ajudar a atenuar os efeitos da crise. Para isso, reduziu a meta de superávit primário - economia feita para o pagamento de juros da dívida - de 3,8% para 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009. Isso, na prática, vai dar R$ 40 bilhões adicionais para o governo federal gastar este ano.
Juntos, demanda relativamente aquecida, expectativa de reação da produção e aumento dos gastos públicos diminuíram o espaço para o desaperto monetário. “Os sinais de melhora relativa da atividade em relação à reunião de março parecem ser consistentes e apontam para uma fase na qual o pior momento terá passado, sugerindo maior cautela por parte da autoridade monetária”, diz em relatório o diretor de pesquisas econômicas do Bradesco, Octavio de Barros.
copiado http://blogdofavre.ig.com.br/2009/04/juro-cai-ao-menor-nivel-da-historia/